Olho Clínico


domingo, dezembro 28, 2003
  Sismo

Não me apetece escrever. Apenas uma nota para dizer que é incrível como o número de mortes causadas pelo sismo no Irão era quatro mil quando escrevi o meu último post e vinte mil umas horas depois, com cinquenta mil feridos estimados.

Minha nossa. 



sexta-feira, dezembro 26, 2003
  Natal: a ressaca.

Saudações,

Com este post encerro a triologia "Natal", com que iniciei o meu blogue. Hoje escrevo, novamente, depois de tomar conhecimento das quatro mil mortes e dos milhares de feridos pelo sismo no Irão. E é incrível como lemos disto todos os dias, e encaramos esta notícia como encaramos uma derrota do nosso clube de futebol, ou da falta de audiência de uma peça de teatro, ou da crise que aperta todos os dias.

Há cerca de dois meses morreu uma pessoa à minha frente. Atropelada, por um carro que se despistou num cruzamento e levou três pessoas. Duas delas levantaram-se. Olharam o corpo morto. Agrediram o condutor. O pânico espalhou-se e sairam pessoas dos carros para bater no condutor, que - sem outra opção - fugiu. Uma pessoa morreu à minha frente. Não a conhecia, não vi a cara dela. Mas chorei e senti o pânico como se fosse minha irmã. E também eu fugi dali.

Hoje, tendo passado quase todos os dias por esse mesmo local, não sinto nada. Se nos dias seguintes revivia e revia toda a situação, não consigo, agora, rever a imagem que ficou. Mesmo forçando, e revendo, não sinto nada. O pânico que senti, o aperceber-me que a Morte pode levar qualquer pessoa, as pessoas que mais amo, deixou-me dias depois. E agora passo pelo local onde o corpo jazia da maneira com que leio a notícia das quatro mil mortes. Não com indiferença, mas seja a reacção que tiver há-de ser sempre exterior à pelicula protectora que criei. É quase que um sentimento racional, e não emotivo. Sei que devia sentir o mesmo, mas não o sinto.

E porquê? Será mesmo uma protecção? Será que a rotina e a habituação nos amolece e deixamos de ser atingidos? Será que é demasiado forte para pensarmos nisso todos os dias?

Ainda não percebo bem a forma como o ser humano (ou cada um dos seres humanos) funciona.

Somos seres estranhos, nós.

Saudações,

Afonso Olimpo 



quarta-feira, dezembro 24, 2003
  O Natal.

Saudações,

Acabo de apagar uma grande quantidade de linhas sobre o Natal, e sobre uma notícia do Público (http://ultimahora.publico.pt/shownews.asp?id=1179214&idCanal=90) dizendo que o Natal era festejado 300 anos antes de Cristo. Ia dizer que o Natal, como outras datas, como outras efemérides, tem o significado que as pessoas lhe quiserem dar, e que não interessa se festejam por festejar, por estar com a família, por receber presentes, por mostrar o carro novo ou porque é convencionado. Porque isso é óbvio.

Mas então, porque vim, sequer, escrever alguma coisa? Será que tenho assim algo tão importante a dizer? Será que tenho sequer alguma coisa a dizer?

Para que serve isto tudo, afinal? Começo a achar que, hoje em dia, as pessoas querem falar e não ouvir. Assisto a muitas conversas em que os intervenientes estão numa tal ânsia para contar a sua história que nem ouvem a que está a ser contada. E, muitas vezes, discute-se quando ninguém está disposto a mudar a sua opinião. E são raras as vezes (e as pessoas) que mudam a sua maneira de pensar, quando vêem que afinal estavam erradas.

Será isto verdade? Estará o Homem a evoluir para um patamar mais egocêntrico?

Parece-me que não.

E agora releio o meu "post" e apetece-me apagá-lo. Mas que coisa. Bom, se tenho um blog tenho de escrever nele, nem que seja nanoimportante, ou nanointeressante.

Saudações festivas,

Afonso Olimpo 



terça-feira, dezembro 23, 2003
  O Natal do Blog.

Saudações,

Eu, Afonso Olimpo, cidadão do Mundo, médico de profissão, apreciador de arte, atento ao Mundo que me rodeia, inauguro hoje, véspera da noite da Consoada, o meu weblog. Porque eu também tenho o direito de me juntar à massa seguidora de modas. Porque creio que, mais cedo ou mais tarde, terei algo de interessante a dizer, partilhando-o neste blog. Porque há tanta coisa mal neste planeta. Porque há tanta coisa má neste planeta. E porque há tanta coisa bem. E tanta coisa boa.

Declaro, então, inaugurado o Olho Clínico; o meu blog.

O Mundo visto do topo.

Do Olimpo. 

O Mundo visto do topo. Do Olimpo.

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