Olho Clínico
A lágrima bonita.
Somos seres estranhos.
Há qualquer coisa de profundo, intenso e ingénuo num rosto lavado em lágrimas.
Uma beleza que nos atrai, revolve, e toca.
Sejam lágrimas provocadas pela alegria ou tristeza - intensas demais.
O rosto modifica-se. A expressão torna-se pura, irracional, quase animal. Um descontrolo limpo, quente.
Quais os verdadeiros poderes da lágrima?
Aqui estou mudo
Absorto
Com uma película impermeável
O exterior humedecido
Tocado por estranhas vibrações
Estéreis
A pedra dura sofre
Um ostinato determinado
Não fura
Até que um raio de luz
Inocente
Atravessando a transparência
Plástica
Fecunda
E é o silêncio.
O regresso
Regresso a este meu
weblog bastante tempo depois da minha última incursão pela escrita. Escrever é-me estranho. Não é plenamente racional, como sempre presumi; mas não é totalmente emotivo. É um estado estranho, em que vejo a mente a trabalhar paralelamente às mãos. Uma espécie de acto mecânico conduzido por uma batuta incerta, não assumida.
Não tenho uma razão para escrever. Não sei se será uma necessidade de expressão, de desabafo, ou se apenas um compasso irregular que não se pode - ou não se consegue - questionar. Não sei, sequer, a sensação, emoção ou sentimento que advém desta escrita.
Mas então, escrever para quê? Porquê?