Memórias de duas realidades paralelas
E assim mataste o nosso amor, de tal maneira que aquilo que um dia pensei que ia ter sempre comigo no meu peito desapareceu. E deixei de sentir, simplesmente.
Nos últimos dias, semanas, meses, nada via. Nem o bom nem o mau. E olhava para trás, para a nossa história, e só via fealdade. Só via mentira, distância, lágrimas, frustração, cobardia. E é essa a imagem e a memória que acabaste por deixar.
Até que hoje, num vulgar momento quotidiano, vieram-me à memória pequenos momentos. Intervalos no Tempo que tivemos. Muito curtos. Mas muito saborosos. E sorri ao aperceber-me que, no fim de todo este turbilhão em que te interpreto como uma pessoa muito menor que a pessoa da realidade que construiste para mim, ficaste gravada em mim com laivos de doçura e carinho.
Lembrei-me do Porto, sabes? Da felicidade do Porto. De estar contigo naquela cama ridícula, e tu levantares-te e, antes de te deitares, parares uns momentos a olhar para mim antes de te fundires comigo novamente. De eu tentar levantar-me sem te acordar e apoiar-me no teu livro que tombou toda a tua mesinha de cabeceira, e te sussurrar "dorme" depois do estrondo todo. Lembrei-me dos nossos risos enquanto a Lili passava pela porta. Lembrei-me de quando tudo era tão simples e tão bom, e eu vinha do Porto com um sorriso nos lábios que não me largava dias a fio.
E isso deixou-me contente. Saber que neste ano houve pelo menos um punhado de momentos em que ambos fomos verdadeiros. Saber que houve momentos em que fomos puros, em que simplesmente... fomos.
Saber sobretudo que há algo de positivo, por pouco que seja, a equilibrar a desilusão que senti quando o pano caíu e vi quem realmente és.
E é assim a vida. A nós resta-nos aprender com os erros (a mim, e a ti), e fazer o melhor possível daqui para a frente.
Be happy.